30 de jan. de 2016

[Falando em]: A Crônica de Sangue e Fé — de Jefferson Nóbrega

Eis a resenha de mais um sensacional enredo nacional. Desta vez estou falando de "A Crônica de Sangue e Fé", obra do autor Jefferson Nóbrega. Aliás, este foi mais um dos que recebi como parceria e presente de aniversário pela TDL  e, por sinal, foi mega indicado como uma excelente leitura pela minha editora e também por outro autor desta mesma casa editorial a qual pertenço. P.S: Agradeço pelo maravilhoso presente, Nanda Gomes! S2 Agora confiram a sinopse e resenha desta magnífica leitura, uma publicação da editora Tribo das Letras.


Sinopse: Quando a honra é o bem mais valioso de um homem, a fé mantém a sociedade unida e a força familiar sustenta o poder, nasce a Ordem dos Pobres Homens, um grupo disposto a destruir tudo isso.
Felipe Geerrare, o herdeiro desaparecido de Villanueva, ressurge agora como um cavaleiro Templário tendo como foco reconquistar o amor de seus entes. No entanto, uma revolta que acontece no condado leva os Geerrare à guerra e Felipe acaba preso entres seus votos de cavaleiro que, o obrigam a lutar somente pela igreja, e a lealdade ao seu sangue.
Em meio ao caos que se apodera da região, seu destino se cruza com o de Aisha Merhash, uma muçulmana que em seus beijos esconde um veneno. O amor pode nascer na guerra, entretanto, terá que lutar para sobreviver a ela.
Mergulhe nesse mundo e descubra que por trás de um desembainhar de espada há muitas histórias.

  "Porque até mesmo a terra não pode conter o sol"


Intenso!
Contagiante!
Sensacional!

Trata-se de um enredo onde a fé, interesses religiosos, traição e vingança são pano de fundo. Onde dois irmãos, Luís e Felipe Geerrare, o pai, conde Marcos IV e sua esposa, a condessa Marie Montenuir, junto a tantos outros personagens, enveredam uma história contagiante.

Tudo se inicia quando Felipe, o filho mais velho, retorna para casa. Ele sumira aos 15 anos, renegando o que até então estava predisposto pelo pai, ou seja, um novo casamento. Aliás, ele já havia se casado aos 14 anos por interesses políticos e religiosos. No entanto, o seu primeiro matrimonio durou pouco, pois sua esposa falecera tempos depois de uma doença. Agora ele teria de se casar novamente, também por interesses políticos e religiosos, fazendo dele (no futuro) até mesmo o conde de Villanueva, a cidade que residia, vizinha de Sexânia, Lecênia, Sertan e tantas outras cidades e condados. Porém, Felipe desaparecera por anos, abstendo-se dos anseios do pai. Ele retorna anos depois, quando todos pensam que ele está morto.
Conde Marcos Geerrare finalmente virou-se, lágrimas desciam de seus olhos. Olhou o filho da cabeça aos pés e apesar da raiva exalou certa admiração. De fato, Felipe mudara. Quando sumiu era um jovem de 15 anos, magro e com o olhar assustado. Mas tornara-se um homem: uma fina barba estava em seu rosto, vestia um gibão branco com a cruz vermelha da Ordem. Uma espada pendia em sua cintura, as manchas na bainha indicavam que aquela lâmina já tinha conhecido o sangue. Porém, foi uma cicatriz no lado esquerdo do rosto de Felipe que roubou por completo a atenção. (Livro: A Crônica de Sangue e Fé, Pág.15)
É quando Felipe retorna que tudo começa acontecer... Um novo grupo chamado "Os Perfeitos" é criado. Eles são os cátaros (ou albigenses), homens hereges que rejeitam o sacramento católico e que cometem atrocidades com os cristãos... Uma seita que atraiu muitos adeptos, a qual sua fé e atos eram questionados, tornando-se uma ameça para a unidade cristã. Seu propósito maior é tomar posse de tudo, ou seja, cidades/condados e principalmente fazendo uma justiça maquiavélica, aniquilando com desumanidade e requinte de crueldade todos os cristãos. E assim inicia-se uma guerra...
Caro mestre,
Tudo corre conforme planejado. No momento em que este recado chegar em suas mãos, os dois herdeiros estarão mortos. Nossos inimigos se digladiarão e nós triunfaremos. Pode ser que eu não sobreviva à missão, entretanto, será glorioso ter a alma liberta dessa prisão ao serviço de nossa fé. O Deus Mau criou esse terrível cárcere chamado matéria. Mas a guerra que inciamos levará liberdade para milhares. (Livro: A Crônica de Sangue e Fé, Pág.89)

A guerra iniciou-se, trazendo muitas perdas, inclusive na família Geerrare, colocando à frente das tropas do bem, Felipe. E dentre toda essa carnificina há descobertas em meio à traições, fazendo desta guerra ainda mais cruel e com um propósito maior, tirando o poder de uns, dando poder à outros. Contudo, a honra e fé bradam alto, levando aqueles providos de boas intenções defronte ao perigo e podendo assim ter mais uma chance de comandar e falar em nome do Bom Deus.
 Hoje enterramos quinze de nossos companheiros. Ninguém deveria morrer por vingança, ódio e outros sentimentos sem nobreza. Somos cavaleiros! O inimigo tenta roubar nossa terra! O inimigo tenta destruir nossa fé! Eis o verdadeiro motivo de nossa luta, homens. Lutemos por amor a nossa terra, lutemos por nossa fé, por nossas famílias. Somos vassalos de Deus, e se ele morreu por nós, estamos prontos para morrer por ele, pois aqueles que marcham contra nós não ferem apenas a nossa honra, mas tentam destruir tudo o que o próprio Cristo construiu. (Livro: A Crônica de Sangue e Fé, Pág.125)
Agora cesso os meus comentários para não quero soltar spoilers.

Eu me surpreendi com todo o conteúdo. O autor conduziu todo o contexto de forma magistral, entorpecendo-me do início ao fim, com uma narrativa e diálogos estupendos. Tal que por vezes questionei-me o quão ele compreendia sobre o assunto, o que me fez ter a certeza do seu entendimento ao final do livro, onde há notas, especialmente de estudos em cima do tema abordado, misturando-se o real à ficção. De fato, este é um dos melhores livros que eu li publicado pela editora TDL. Por vezes senti-me como se estivesse assistindo um filme épico, com cenas dignas de lutas medievais, onde a trama é bem amarada, sem deixar pontas soltas, com muitas revelações e reviravoltas  e no final, tudo se encaixa perfeitamente e deixa um gostinho de 'quero mais'. Aliás, preciso saber se o autor dará continuidade com o enredo, pois realmente deixou um gostinho de 'quero mais'.

O livro é narrado em terceira pessoa, com narrativa e diálogos um pouco mais rebuscados devido ao conteúdo de época; sua diagramação é simples e de muito bom gosto, com espaçamentos e fontes na medida certa; a capa foi uma das coisas que mais me chamou atenção, pois é divina e condiz com à trama, estampando uma armadura, transportando o leitor para dentro do enredo. Por fim, para você que curte um enredo mais que sensacional, com um conteúdo histórico em meio à realidade/ficção,  eis uma maravilhosa pedida... Eu tornei-me fã do Jefferson e leria até mesmo a sua lista de compras. \o De 1 a 10 dou nota 1.000! \o/ \o/ \o/


Livro: A Crônica de Sangue e Fé
Autor: Jefferson Nóbrega
Gênero: Literatura brasileira
Editora: Tribo das Letras (Selo Métrica)
Ano: 2015
Páginas: 196

2 comentários

  1. Oi Si

    Nossa realmente parece um livro maravilhoso e muito bem escrito, com um trabalho de pesquisa muito aprofundado. Só não sei se infelizmente é o tipo de leitura que me prende.
    Mas acho que devemos sair de nossa zona de conforto as vezes, então eu deveria tentar sim.

    Mas como sempre suas resenhas nos deixam mesmo mais que curiosas por descobrir o que nos reserva essas histórias.

    Beijosss
    Fer

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  2. Oi, Fer!
    Amiga, com certeza vale a pena sair da zona de conforto. Digo isso porque tempos atrás li um infanto-juvenil que amei e este, de fato, vale muito a pena.

    Beijosssssss

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